08 abril 2010

Analise da História do Ceará



Estruturalmente, uma das características da história do Ceará é a fragilidade de suas elites. O Ceará sempre se apresentou como uma área de economia periférica, com classes dominantes débeis, que nunca apresentaram, por exemplo, a mesma influência e o poder econômico e político dos setores abastados dos vizinhos Pernambuco e Bahia.As primeiras tentativas de colonização do Ceará pela coroa portuguesa só aconteceram um século depois do “descobrimento” e ainda assim com objetivos estratégicos e militares – estabelecer um forte que ajudasse a expulsar os estrangeiros (em particular os franceses) e servisse de base para a conquista do norte. No final do século XVII e começo do século XVIII, os sertões cearenses foram conquistados com a pecuária, cuja rentabilidade, porém, era pequena. Por tal razão, entende-se a famosa expressão do historiador Capistrano de Abreu, civilização do couro, pois fabricavam com o couro artefatos do cotidiano em virtude da falta de maiores recursos para comprá-los da região açucareira. No final do século XVIII, a economia cearense se ligou definitivamente ao capitalismo internacional, com o plantio de algodão para atender a demanda da Revolução Industrial Inglesa. Não obstante, a riqueza ficou concentrada em alguns poucos, especialmente nas mãos dos latifundiários (donos de terras e, portanto, da produção) e de comerciantes (aliados a negocistas europeus). Foi com a produção de algodão que Portugal (em grave situação econômica em consequência do esgotamento das minas gerais auríferas) começou a dar mais atenção à capitania do Siará, que foi separada de Pernambuco em 1799 (e do qual dependia desde 1656).O século XIX assistiu às lutas pela formação do Estado nacional brasileiro. A independência do Brasil, a rigor, foi guiada pelos setores dominantes de Minas, Rio e São Paulo, que trataram de impor ao País um centralismo – ou seja, norte e sul deveriam se subordinar ao sudeste. Logicamente que as elites nortistas e sulistas não aceitaram isso, daí revoltas separatistas, como a Confederação do Equador, de 1824, da qual o Ceará participou e foi duramente reprimida, com vários “homens de bem” arcabuzados em praça pública.O centralismo imperial vitorioso seria benéfico para Fortaleza, que passa a receber recursos, investimentos, poder político e militar, a ponto de tornar-se a principal cidade cearense na segunda metade do século XIX (para tanto igualmente contribuiu o comércio exportador algodoeiro, cujo auge deu-se na década de 1860). Era o momento da influência do pensamento cientificista e racista europeu da Belle Époque. As elites locais adotam um discurso de “modernizar”, “civilizar” e “disciplinar” a cidade e o “povinho ignorante” – não por acaso, é desta época a planta urbanística de Adolf Herbter (1875) e a Cadeia de Fortaleza (1866). A massa pouco liga para isso, e passa a debochar daqueles sujeitos com suas cartolas, luvas e bengalas a balbuciar expressões em francês sob o sol escaldante dos trópicos. Essa irreverência popular foi chamada pelas elites, preconceituosamente, de Ceará moleque. Simbólico disso foram os fortalezenses adotarem com símbolo o bode Ioiô, feio e fedorento, exatamente quando as elites falavam de beleza e higiene.... 
Fonte: Airton de Farias.

2 comentários:

  1. gostei muito prof.Cézar .gostaria que você postasse mais sobre o nosso querido Ceará.

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  2. Olá professor,
    meu nome é Rondinelly sou professor de História do Ensino Médio no município de Tianguá estou cursando (TCC em andamento) Pós-Graduação em História do Ceará pela UVA. Gostaria de manter contato para troca de experiências. Até mais!!

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