25 abril 2010

Os Tupi-Guarani



Segundo a teoria mais aceita pelos estudiosos, os povos indígenas da América são procedentes de migrações de povos asiáticos, que alcançaram a América através do Alasca. De lá, eles provavelmente desceram ao longo do continente americano, até atingir o extremo sul da América do Sul.
Um destes povos diferenciou-se dos demais e desenvolveu uma língua do tronco linguístico macrotupi, no sul da Amazônia. De lá, ele se expandiu no início da era cristã em duas direções. Para o leste, atravessando o interior do Brasil e alcançando o litoral, desalojando as tribos locais que pertenciam linguisticamente ao tronco macrojê. E para o sul, alcançando os pampas argentinos. O grupo que migrou para o leste ficou conhecido como "tupi" e o grupo que migrou para o sul, como "guarani".
Os tupi-guarani começavam a desenvolver a agricultura, principalmente de mandioca, que era um dos alimentos básicos de sua dieta. A agricultura era praticada pelo sistema de queimada, que limpava e adubava com as cinzas o terreno para o plantio. A caça, a pesca e a coleta de frutas e raízes completavam sua dieta.
Em suas migrações através da América do Sul, os tupi-guarani eram orientados por líderes religiosos, os pajés, que lhes prometiam um paraíso ao final da jornada: a chamada "terra sem males".
No século XVI, com a chegada dos colonizadores europeus, alguns povos tupi-guarani, como os temiminós e os tabajaras, se aliaram aos portugueses, enquanto outros, como os potiguares e tamoios, se aliaram aos franceses. Porém o resultado era sempre o mesmo: destruição das aldeias indígenas, escravização, doenças trazidas pelos europeus, fuga das populações indígenas para o interior do continente e para os aldeamentos criados pelos padres jesuítas , as chamadas "reduções" ou "missões". Uma importante rebelião tupi-guarani contra os portugueses foi a chamada Confederação dos Tamoios, que reuniu várias tribos abrangendo uma região que ia desde Cabo Frio até Cananeia, em meados do século XVI. O fim desta rebelião foi conseguido diplomaticamente, com a importante atuação dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Do lado dos tamoios, estavam famosos líderes como Cunhambebe e Aimberê.
A predominância de escravos índios e seus descendentes na população do litoral brasileiro fez com que a língua franca nessa região fosse o tupi-guarani, que, remodelado gramaticalmente, uniformizado e simplificado pelos padres jesuítas, passou a ser chamado de nheengatu ("língua boa", em tupi-guarani), língua geral amazônica, língua brasílica ou língua geral paulista.
As missões jesuíticas no interior do continente prosperaram, colhendo erva-mate e criando gado, os quais abasteciam as colônias espanholas na bacia platina. Nas missões, os índios eram catequizados pelos jesuítas em tupi-guarani e produziam refinadas obras de arte sacra (música, escultura, arquitetura e teatro). Os jesuítas combateram o costume indígena da poligamia e forçaram os índios à prática da monogamia. No entanto, a grande concentração de índios nas missões despertou a cobiça dos bandeirantes paulistas, os quais faziam incursões frequentes em busca de mão-de-obra escrava. Como resultado, as missões se deslocaram cada vez mais para o interior do continente, procurando fugir da ação dos bandeirantes.
 Em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, a Espanha cedeu a região a leste do Rio Uruguai para Portugal e ordenou que as sete missões estabelecidas nessa região deveriam se transferir para a margem oeste. Os missioneiros não concordaram em abandonar suas terras, desencadeando as Guerras Guaraníticas, nas quais os missioneiros foram derrotados por exércitos portugueses e espanhóis. Na guerra, morreu o famoso líder guarani Sepé Tiaraju.
No litoral brasileiro, o aumento da imigração portuguesa por conta da descoberta de ouro no Brasil no final do século XVII, a expulsão dos jesuítas e a proibição do uso do idioma tupi-guarani no Brasil pelo Marquês de Pombal em 1759 determinaram a progressiva redução da influência do tupi-guarani. No entanto, sua influência permaneceu sob a forma de um expressivo vocabulário de topônimos (Piratininga, Itaipu, Ubatuba etc.) e nomes de animais e vegetais (jacaré, jaboti, jaboticaba etc.)
Os jesuítas foram igualmente expulsos da América Espanhola em 1768, causando a decadência das missões jesuíticas que se haviam transferido para a margem direita do Rio Uruguai. Mas, no Paraguai, a língua guarani continuou a ser falada pela população, juntamente com o castelhano. Mesmo após um período de proibição da língua durante a ditadura do General Alfredo Stroessner, em meados do século XX. Em 1991, o guarani adquiriu o status de língua oficial do país.
A partir do final do século XIX, começou a ocorrer a migração de tribos guaranis do sul da América do Sul para o litoral brasileiro, num processo que continua até hoje

Fonte: WikiLivros

22 abril 2010

Bode Ioiô


Bode Ioiô foi um famoso bode que viveu na cidade de Fortaleza do início do século XX, mormente na década de 1920. Figura folclórica da cultura popularcearense , Ioiô costumava perambular pelas ruas centrais da cidade, na companhia de boêmios e escritores que freqüentavam os bares e cafés ao redor da Praça do Ferreira, antigo centro cultural da capital, e que lhe davam cachaça para beber. Segundo conta a história popular, recebeu o nome de "Ioiô" por percorrer sempre o mesmo trajeto, definido entre a Praça do Ferreira e a Praia de Iracema.
Trazido a Fortaleza em 1915 por retirantes sertanejos, foi adquirido e mantido por José de Magalhães Porto, representante do industrial Delmiro Gouveia, correspondente no nordeste da empresa britânica Rossbach Brazil Company, localizada na Praia de Iracema, da qual tornou-se uma espécie de mascote. Ioiô virou tema de documentários, histórias de cordel e livros infantis. É citado em obras de memorialistas cearenses como o poeta Otacílio de Azevedo e o historiador Raimundo Girão.
Ioiô foi imortalizado ao ser empalhado e doado ao acervo do Museu do Ceará, logo após sua morte, em 1931. Em 1996, teve o seu rabo roubado.
 
Vamos Nós: Atendendo a pedidos segue um pouco da História do famoso BODE IOIÔ.

18 abril 2010

Indios Anacés

A possibilidade da instalação de uma refinaria no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) gerou descontentamento entre o povo indígena Anacé. A etnia, mesmo sem a confirmação do empreendimento por parte do Governo do Estado ou da Petrobras, já se mobiliza para preservar um de seus patrimônios. Um cemitério secular, fundado pelos índios, estaria em um dos dois terrenos oferecidos pelo Estado para estudos. Os anacés habitam áreas de Caucaia e de São Gonçalo do Amarante- cidades que podem abrigar a refinaria - e prometem até "guerra" para proteger o local.
O cemitério, chamado de Cambeba, é situado em Caucaia, no distrito de Matões, distante cerca de 10 quilômetros do Pecém. O local é de difícil acesso e isolado. É administrado hoje pela Prefeitura. De acordo com a etnia, documentos de 1651 e 1712 comprovam a presença dos anacés na região. O cemitério também teria surgido nesse período. Segundo Francisco Ferreira, 28, o Júnior Anacé, que conta a história de seu povo, o cacique Cambeba morreu sob a sombra de uma pitombeira e lá foi enterrado. Assim surgiu o cemitério. A árvore, ele destaca, ainda está lá.
Os anacés não toleram a possibilidade de acabar com o Cambeba. "Lá estão nossos ancestrais, nossa história", reclama João Freitas, 38, o Joãozinho Coração de Índio. A avó, Têda Anacé, foi enterrada em 1970, no Cambeba, aos 104 anos. Mas ele não lembra, ao certo, onde está o túmulo. A identificação de jazigos é precária. Parte tem somente uma cruz, sem inscrições ou registros. "São os (índios anacés) mais antigos. Eram analfabetos", completa Júnior.
Conforme Júnior, especulações sobre a refinaria já circulam "há muito tempo" entre os anacés. Há oito anos, ele lembra, a etnia fechou a rodovia CE-085 em forma de protesto contra a execução de projetos na região. Júnior diz que "vai haver uma guerra" caso haja a confirmação da refinaria na área do Cambeba. O indígena adianta que deve articular, junto à Fundação Nacional do Índio (Funai), a demarcação das terras em prol do povo anacé.

Confirmação:
 
O Instituto do Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) atesta que o Cambeba está na área do CIPP que, por decreto, é de utilidade pública. A informação, porém, não confirma que o cemitério esteja num dos terrenos oferecidos para estudos. "São 33 mil hectares. Algo (complexo) dessa natureza sempre envolve áreas muito grandes", explica o diretor-técnico do Idace, Ricardo Durval.
A Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), por sua vez, confirma que duas áreas - em Caucaia e São Gonçalo do Amarante - foram definidas para estudos. A agência, porém, não revela se o Cambeba está ou não no terreno de Caucaia. Até o fechamento desta edição, O POVO não recebeu resposta. A Prefeitura de Caucaia informa que não se pronuncia sobre o assunto.
De acordo com a secretária-geral da Missão Tremembé, Maria Amélia, o preconceito motivava resistências contra o sepultamento de indígenas. Segundo ela, a situação começou a ser solucionada depois que dom Aloísio Lorscheider passou a trabalhar com as etnias.
O pedido para levantar o número de indígenas em Caucaia partiu de dom Aloísio para o sociólogo José Cordeiro, que depois coordenou a Pastoral Indigenista. Ele faz questão de lembrar que guarda uma foto do ex-arcebispo celebrando uma missa junto aos índios.
As fotos tiradas da missa pelo fotógrafo Marcos Guilherme, ele ressalta, estão no museu dos tapebas.

Anacés vão pedir apoio ao MPF e ao Iphan: 

De acordo com líderes anacés, a etnia tem, cadastradas, 385 famílias, em torno de 1.265 pessoas. O povo articula medidas para tentar impedir ações contra o Cambeba. O Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) devem ser acionados. Além disso, eles buscam apoio de outros povos indígenas. A Prefeitura de Caucaia reconhece que o cemitério, hoje com um número reduzido de sepultamentos, foi fundado pelos índios. "Nós não vamos abrir mão desse cemitério por nada desse mundo", exclama Júnior Anacé. Segundo ele, a etnia não é contrária à refinaria, desde que o Cambeba seja preservado. Neste fim de semana, os anacés se reunião na escola Direito de Aprender do Povo Anacé para dar continuidade ao trabalho de resgate histórico e, ainda, discutir a situação do Cambeba. Um documento, adianta Júnior, será elaborado e levado ao MPF. O Iphan também será acionado paralelamente. E os índios tapebas, também de Caucaia, serão convidados a aderir à causa.

É difícil identificar boa parte de covas e jazigos. Um menino, aos 10 anos, morreu em 1927 e "deixou saudade de seus paes (sic)". Em 1935, uma mulher de 35 partiu e "deixou saudade de esposo e filhos". Estes são os jazigos mais antigos cuja identificação de nomes e datas ainda é possível. Já um homem morreu em 1936, deixando "saudades de sua esposa e família", mas a lápide desgastada impede a visualização de seu nome. Há ainda um homem cujos dados estão num galão de querosene.

Fonte: O POVO - CE

19/04 - Dia do Indio

Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540.
Para entendermos a data, devemos voltar para 1940.
Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”. No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas
resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico.
Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.

Os povos Pré Colombianos

O processo de descoberta do continente americano representou para os europeus o contato com um mosaico de culturas bastante peculiar. Mais do que se encantaram com o passível exotismo dos nativos, as tripulações do Velho Mundo deram de frente com civilizações complexas. Muitas dessas sociedades conheciam a escrita, desenvolveram sistemas matemáticos, possuíam calendários de enorme precisão e construíram centros urbanos mais amplos que as cidades da Espanha.
Por volta do século VII, a Cordilheira dos Andes foi palco do desenvolvimento das civilizações chimu, tiahuanaco e huari. Quase quinhentos anos depois, a reunião desses povos que ocupavam a região seria correspondente ao vasto Império Inca, administrado na cidade de Cuzco. Antes da chegada dos espanhóis, os incas formaram um Estado de caráter expansionista, que alcançou regiões que iam do Equador até o Chile, e abrigava cerca de seis milhões de pessoas.
Na porção central do continente americano, olmecas, toltecas, teotihuacanos, astecas e maias formaram sociedades distintas. Os maias, entre os séculos III e XI, estabeleceram um complexo de cidades-Estado que funcionavam de forma autônoma graças a um eficiente sistema de servidão coletiva. Segundo informações, a civilização maia teria congregado mais de dois milhões de habitantes. Quando chegaram à América, os espanhóis encontraram boa parte desses centros urbanos abandonados.
A mais vistosa civilização mesoamericana foi constituída pelos astecas, que conseguiram formar um império que ia do sul da Guatemala, até a porção oeste do México. A capital Tenochtitlán abrangia uma área de treze quilômetros quadrados e congregava uma população composta por centenas de milhares de habitantes. As populações vizinhas eram obrigadas a pagar vários impostos que garantiam a hegemonia asteca.
Cada aldeia asteca era integrada por diversas famílias, que utilizavam as terras férteis de forma coletiva. Uma parcela considerável da produção agrícola dos aldeões era destinada ao Estado, que distribuía o alimento recolhido para os funcionários públicos, os sacerdotes, militares e a família do imperador. Do ponto de vista político, possuíam uma monarquia centralizada nas mãos do Tlacatecuhtli, responsável pela condução da política externa e dos exércitos.
Em termos gerais, percebemos que o continente americano contava com uma ampla diversidade de culturas que se desenvolveram de forma própria. Contrariando o ideal eurocêntrico do Velho Mundo, as populações pré-colombianas estabeleceram relações sociais complexas, criaram suas próprias instituições políticas e engendraram os seus saberes. 
 
Fonte: Mundo da Educação

08 abril 2010

Analise da História do Ceará



Estruturalmente, uma das características da história do Ceará é a fragilidade de suas elites. O Ceará sempre se apresentou como uma área de economia periférica, com classes dominantes débeis, que nunca apresentaram, por exemplo, a mesma influência e o poder econômico e político dos setores abastados dos vizinhos Pernambuco e Bahia.As primeiras tentativas de colonização do Ceará pela coroa portuguesa só aconteceram um século depois do “descobrimento” e ainda assim com objetivos estratégicos e militares – estabelecer um forte que ajudasse a expulsar os estrangeiros (em particular os franceses) e servisse de base para a conquista do norte. No final do século XVII e começo do século XVIII, os sertões cearenses foram conquistados com a pecuária, cuja rentabilidade, porém, era pequena. Por tal razão, entende-se a famosa expressão do historiador Capistrano de Abreu, civilização do couro, pois fabricavam com o couro artefatos do cotidiano em virtude da falta de maiores recursos para comprá-los da região açucareira. No final do século XVIII, a economia cearense se ligou definitivamente ao capitalismo internacional, com o plantio de algodão para atender a demanda da Revolução Industrial Inglesa. Não obstante, a riqueza ficou concentrada em alguns poucos, especialmente nas mãos dos latifundiários (donos de terras e, portanto, da produção) e de comerciantes (aliados a negocistas europeus). Foi com a produção de algodão que Portugal (em grave situação econômica em consequência do esgotamento das minas gerais auríferas) começou a dar mais atenção à capitania do Siará, que foi separada de Pernambuco em 1799 (e do qual dependia desde 1656).O século XIX assistiu às lutas pela formação do Estado nacional brasileiro. A independência do Brasil, a rigor, foi guiada pelos setores dominantes de Minas, Rio e São Paulo, que trataram de impor ao País um centralismo – ou seja, norte e sul deveriam se subordinar ao sudeste. Logicamente que as elites nortistas e sulistas não aceitaram isso, daí revoltas separatistas, como a Confederação do Equador, de 1824, da qual o Ceará participou e foi duramente reprimida, com vários “homens de bem” arcabuzados em praça pública.O centralismo imperial vitorioso seria benéfico para Fortaleza, que passa a receber recursos, investimentos, poder político e militar, a ponto de tornar-se a principal cidade cearense na segunda metade do século XIX (para tanto igualmente contribuiu o comércio exportador algodoeiro, cujo auge deu-se na década de 1860). Era o momento da influência do pensamento cientificista e racista europeu da Belle Époque. As elites locais adotam um discurso de “modernizar”, “civilizar” e “disciplinar” a cidade e o “povinho ignorante” – não por acaso, é desta época a planta urbanística de Adolf Herbter (1875) e a Cadeia de Fortaleza (1866). A massa pouco liga para isso, e passa a debochar daqueles sujeitos com suas cartolas, luvas e bengalas a balbuciar expressões em francês sob o sol escaldante dos trópicos. Essa irreverência popular foi chamada pelas elites, preconceituosamente, de Ceará moleque. Simbólico disso foram os fortalezenses adotarem com símbolo o bode Ioiô, feio e fedorento, exatamente quando as elites falavam de beleza e higiene.... 
Fonte: Airton de Farias.