17 agosto 2009

Os Sertões


Há 150 anos, cientistas da época do Império viajaram ao Ceará com o objetivo de conhecer os sertões do Brasil


A realização de expedições e o interesse em colher informações sobre recursos naturais e populações indígenas permeiam a ocupação do "novo mundo". No Brasil, a chegada da Família Real portuguesa abriu caminho para a realização de expedições estrangeiras, apoiadas pelo Estado.

"Com a vinda de D. João VI e da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, houve a liberação do acesso de naturalistas ao amplo e desconhecido território brasileiro, após séculos de repressão e segredo das autoridades coloniais, desejosas de resguardar os seus recursos naturais da cobiça dos países mais desenvolvidos", aponta o pesquisador cearense Melquíades Pinto Paiva, autor do livro "Os Naturalistas e o Ceará".

A primazia da razão e a possibilidade do conhecimento do outro, defendidas pelo Iluminismo, animavam a formação de instituições de cultivo das ciências, da cultura e das artes nos principais centros europeus, tendência seguida pelo Brasil para se inserir na comunidade internacional.

Em 1856, foi a partir do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), então a principal instituição científica do Brasil, que surgiu a ideia de enviar às províncias do Norte a primeira expedição formada apenas por brasileiros. Defendia-se que muitas das impressões dos estrangeiros eram baseadas em visões pré-concebidas de uma "terra exótica". Procurava-se, assim, sair da posição de fornecedor de exemplares a serem pesquisados para a de produtor de conhecimento. "Com a criação da Comissão Científica, o governo imperial tentou alcançar os seguintes objetivos: provar a capacidade de organizar e manter em ação uma expedição científica constituída somente por naturalistas brasileiros; mostrar ao mundo, dito civilizado, o apreço institucional e oficial pelo desenvolvimento das ciências; direcionar esforços no sentido de melhor conhecer regiões do Brasil de pouco interesse dos naturalistas estrangeiros que nos visitavam e conduziam suas expedições; melhor conhecer a natureza e os recursos das províncias do Nordeste do Brasil, a começar pelo Ceará", comenta Melquíades Pinto Paiva.

Patrocinada pelo imperador Dom Pedro II, a Comissão tinha uma meta ambiciosa: ao colher informações sobre fauna, flora, minerais, geografia, além dos usos e costumes, a ideia da Comissão era promover a integração regional do País e a promoção de uma identidade nacional, além de buscar potenciais recursos naturais que pudessem ser explorados, como metais preciosos.

* Fonte de Pesquisa: Diario do Nordeste / Departamento de História da UFC.

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